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sábado, 14 de maio de 2011

Teatro comportamental!

Uma breve análise do comportamento de improvisar.

    Improviso, segundo Aurélio, é “s.m. 2.Produto intelectual inspirado na própria ocasião e feito de repente, sem preparo”. Patrice Pavis coloca no seu Dicionário de teatro, que improviso é : “[...] uma peça improvisada (a l’improvviso), pelo menos que se dá como tal, isto é, que simula a improvisação a propósito de uma criação teatral, como o músico improvisa sobre determinado tema. Os atores agem como se tivessem que inventar uma história e representar personagens, como se realmente estivessem improvisando”
Assim, improvisar trata-se do comportamento que não foi pré-planejado, ou seja, que não está sob o controle de um plano explícito que funciona como estímulo discriminativo para aquele comportamento de improvisar. Isto não significa que não possa haver um planejamento para a improvisação e muito menos que o comportamento de improvisar seja livre no sentido de estar alienado de suas contingências.Se comportamento é uma interação, logo ele não pode existir como alienado do ambiente, já que ele próprio implica numa relação organismo-ambiente.
    A improvisação pode e é usualmente planejada.Você pode se perguntar, como uma improvisação pode ser planejada, se ela própria não é o seguimento de um plano, assim como nós seguimos no dia-a-dia regras?A questão é mais simples do que parece, o comportamento de improvisar pode passar por diversas seções de ensaio, simulando a situação que atores terão ou teriam que improvisar.Pelo menos três situações são possíveis: uma em que a peça ou esquete é toda improvisada, outra em que certas coisas que ocorrem e não vão de acordo com o roteiro, ou ainda improvisações que o próprio ator resolve adicionar no sabor do momento da peça.
    No caso do acrescimento de entonações ou falas do ator no momento da peça, elas ocorrem dado a experiência do ator no geral ou realizando aquele papel. Essa importante experiência, que pode ser de muitos anos e/ou significativa, fez o ator a generalizar, discriminar e adotar um comportamento conceitual sobre seu personagem que o fez acrescentar certos maneirismos e comportamentos durante a atuação que fez a platéia demonstrar mais interesse em peças passadas.Nessas peças passadas, a platéia pode bater palmas, assobiar, gritar, vaiar com mais freqüência ou intensidade dada a atuação dos atores.Inclusive pequenos sinais, como a expressão das pessoas na platéia ou suspiros soltos com as cenas, servem de reforço e controle do comportamento do ator,
    No caso do momento em que algo dá errado na peça, os atores basicamente podem se esquivar da punição realizando uma improvisação. Esta improvisação serve para dar andamento a peça de modo razoavelmente agradável para a platéia, e pode, em alguns casos, deixá-la até mais interessante.
    No caso da peça toda improvisada, apesar de ser improvisada, usualmente existem alguns pontos chave. Por exemplo, no grupo Improváveis, existem ‘jogos’ que são as esquetes que ocorrem de uma determinada forma, ou com frases escolhidas pela platéia para que sejam encaixadas aleatoriamente pelos atores durante uma encenação, ou ainda o jogo em que os atores só podem fazer perguntas.Claro , como existem esses pontos chave, os atores podem ensaiar a improvisação. Outro recurso é a o ensaio da expressão de situações comuns no teatro, como ensaiar expressões emocionais.




Para saber mais:


IMPROVISAÇÃO TEATRAL – CONCEITOS E EXPERIÊNCIAS NO BRASIL

3 comentários:

  1. Fico pensando que esse pessoal do teatro deve ter um repertório muito variado, diversificado, tanto em termos macro (como quando encenam improvisadamente alguma situação cotidiana) como no nível microcomportamental (como quando uma palavra, digamos, balão, "traz" prontamente outras palavras a ela emparelhadas, como p. ex. voar, céu, gás, palhaço e o desenho animado "Socorro, Vovó"). Não sei se há algo como uma pré-disposição genética para essa habilidade (poderíamos pensar de características específicas das zonas de associação do córtex, p. ex.), mas decerto a ontogênese explica seu desenvolvimento e manutenção. Por exemplo, meus estilos de piada espontânea favoritos são caracterizados por 1) dar um sentido alternativo -- às vezes literal -- a expressões ou palavras abstratas/ambíguas e 2) inventar a origem de palavras como "açúcar" e de nomes próprios como "Huberléia" (nome de uma mulher que conheci recentemente). Passei a lançar mão do primeiro estilo depois que comecei a andar mais com um grande amigo meu, que sempre tirava risos da gente com seus sentidos alternativos para as nossas expressões (podemos lembrar da aprendizagem via modelação). Aos poucos, meu comportamento privado de procurar sentidos alternativos para palavras e expressões e expressá-los publicamente deve ter sido gradualmente modelado, logo aumentando a chance de fazê-lo em contextos sociais mais descontraídos -- ou que "peçam" mais descontração. Pode ser de ensinarem coisas assim para alunos de teatro, não é (sobretudo àqueles que querem se especializar no improviso)?

    Abraço, Pedro!

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  2. É, acredito que sim.Algumas coisas que já soube de técnicas ensinadas, são as expressões corporais.Uma técnica para evocar expressão corporal seria lembrar de algo que evoque aquela emoção.Por exemplo, se é algo tristeza, lembrar de algo triste.

    Além disso, acredito que os atores treinem cada forma de improvisação, quando a improvisão faz parte do show.Por exemplo, pensar em situações para usar a frase x ou y.Imagino também que haja estratégias para ganhar tempo enquanto pensa em algo para fazer em uma história.Talvez a condução de histórias que sejam mais fáceis de encaixar uma fala ou frase.

    abraços

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  3. É bem provável. Sobre lembrar de coisas tristes para facilitar a emissão de um "comportamento entristecido", eu fazia isso para não rir em contextos nos quais não se convinha rir. Atualmente, contudo, não tenho precisado disso mais (ainda bem!).

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