Na matemática(e nas ciências) existem dois conceitos centrais relativos a julgamentos que fazemos sobre o mundo.Um deles é a probabilidade, que indica qual a tendência de um determinado julgamento sobre o mundo estar correto.Ele pode ser entendido da seguinte forma: Se um evento X tem probabilidade Y de ocorrer numa dada situação Z, então se procurar X em números cada vez maiores de situações Z, a tendência é encontrar X em Y x N, onde N é o número de situações Z. Por exemplo, se a probabilidade de conseguir um cara e coroa numa moeda é de 0,5 e eu jogar 1000 vezes, vou encontrar 500 caras aproximadamente nesses lançamentos. O conceito de erro é mais simples de ser entendido. Erro é o quanto uma medida se desvia do valor medido. Por exemplo, se meço o tamanho de uma cadeira e percebo que ela tem 1,20 metros e sei que minha medição tem 10 % de erro, então o tamanho real da cadeira é entre 1,08 e 1,32.
Os dois conceitos se relacionam intimamente. Em uma medida, quanto maior o grau de erro admitido maior a probabilidade de o meu julgamento sobre aquela medida estar correto.Retomando o exemplo da cadeira, se a considero a faixa de erro de 10 % e a probabilidade de estar certo sobre essa faixa de 50%, posso aumentar o grau de certeza aumentando a faixa de erro para 50%,isto daria uma medida do tamanho da cadeira entre 0,60 e 1,80.
É importante entender essa relação se quiser entender algumas diferenças entre as ciências humanas e as chamadas naturais. Não defendo a idéia de que sejam efetivamente duas “ciências” diferentes, mas que sejam ambas a mesma ciência sobre temas diferentes e desenvolvimentos diferentes. As ciências naturais, por utilizar explicitamente a medida, podem escolher uma faixa de erro aceitável para suas medidas para alcançar um grau de certeza muito alto, enquanto que a maior parte das ciências humanas não desenvolveu sua capacidade de descrever fenômenos desta forma. Uma exceção seria a Física Quântica, que sempre conserva algum grau de incerteza, daí o princípio da incerteza de Heinsenberg. Especulo que isso se dê, pois ao considerar um alto grau de erro, perde-se da teoria a ordem de grandeza subatômica.
Nas ciências humanas, quando muito, se utiliza do conceito de probabilidade, tal como na análise do comportamento. Nesse sentido, perde-se, em parte, a visão da modelagem, pois pensamos em categorias fixas de comportamento. Consideramos o comportamento X ou Y, ao invés do conjunto de dimensões que podem ser medidas e avaliadas segundo um grau de erro. Não vemos as mudanças nessas dimensões, mas mudanças na probabilidade de ocorrência de determinados comportamentos.
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